Foi publicado na edição desta quarta-feira (27) do Diário Oficial da União (DOU) a nomeação da bibliotecária Neide Alves Dias de Sordi para exercer o cargo de diretora-geral do Arquivo Nacional (AN), órgão subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ela substitui Carolina Chaves de Azevedo, que estava na função desde o final de 2017, ainda no mandato de Michel Temer.

Além da formação em biblioteconomia, Sordi tem mestrado em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília (UnB), além de ser diretora da empresa InnovaGestão – Consultoria em Informação Ltda. Também é membro do Conselho Deliberativo da Open Knowledge Brasil (OKBR) e integra o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Assessoramento em Governo Aberto, instituído pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União como representante da Open Knowledge Brasil.

Moeda de troca política

Até fevereiro de 2016 a cadeira de diretor do AN havia sido ocupada por mais de duas décadas pelo servidor de carreira e arquivista Jaime Antunes. Nas negociações do governo Dilma Rousseff para barrar o seu impeachment, José Ricardo Marques, afilhado político do deputado Ronaldo Fonseca (PROS), que se comprometera a ser leal à presidenta, foi nomeado ao cargo no lugar de Jaime. Só que em abril daquele ano Fonseca quebrou a promessa de lealdade à presidenta, o que resultou na queda de Marques.

Reconduzido ao cargo em julho do mesmo ano, já sob o governo Temer, Marques foi novamente exonerado, em maio de 2017, quando o seu padrinho político votou contra a reforma trabalhista. Marques, a propósito, havia sido alvo de uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa, acusado de promover cultos evangélicos semanais no auditório principal do AN, utilizando-se dos equipamentos de áudio e vídeo, bem como do trabalho de um servidor do órgão.

Após ser dirigido poe breve período pelo servidor de carreira Diego Barbosa da Silva, em novembro de 2017 o AN passou para a direção de Carolina Chaves de Azevedo, que segundo o Jornal El País foi secretária da área de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida da prefeitura do Rio durante a gestão de Eduardo Paes (PMDB) também por indicação política. Chaves é afilhada política da ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB), que chegou a ser nomeada ministra do Trabalho durante o governo Temer, mas que acabou sendo exonerada após problemas com a Justiça do Trabalho.

Pessoas ouvidas pela Biblioo afirmam que a escolha de Sordi para dirigir o Arquivo Nacional foi acertada em função não só da sua formação acadêmica, mas também da sua larga experiência no mercado de tecnologia. Só que além de enfrentar um clima político tenso, a nova diretora deve encarar contingências orçamentárias. Os servidores da instituição também reivindicam um plano de carreira, a realização de eleições para o cargo de diretor e de concurso público, bem como a volta da entidade para a Casa Civil.

Neide Alves Dias de Sordi tem boa formação acadêmica e sólida experiência com o mercado. Foto: divulgação

O Arquivo Nacional

O Arquivo Nacional, que completou 180 em 2018, é um órgão central do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA), da administração pública federal, e tem por competência orientar os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal na implementação de programas de gestão de documentos, bem como fiscalizar a aplicação dos procedimentos e das operações técnicas referentes à produção, ao registro, à classificação, ao controle da tramitação, ao uso e à avaliação de documentos, com vistas à modernização dos serviços arquivísticos governamentais, entre outros.

Ocupando um prédio do século XIX, onde ficava a antiga Casa da Moeda, no Centro do Rio, o Arquivo Nacional enfrenta problemas de infraestrutura, com riscos de incêndio, e segurança, o que é feito por empresa terceirizada.

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