Convidada para participar de uma coluna fixa na Revista Biblioo, não poderia deixar de apresentar informações sobre o Movimento Abre Biblioteca, que tem sacudido a poeira aqui no Estado do Amazonas desde abril de 2012. Envolvida nessa luta, até o pescoço, optei por apresentar em forma de relato de experiência, um pequeno balanço das ações realizadas pelo Abre Biblioteca, até o momento, tendo em vista que o Movimento foi criado com o objetivo de mobilizar a sociedade para a percepção que a perda de um espaço de cultura do porte da Biblioteca Pública Estadual do Amazonas pode trazer para o desenvolvimento de uma cidade.

Antes de falar do Movimento em si, é importante destacar algumas considerações sobre o Amazonas e sua capital, sendo relevante apontar que estamos tratando geograficamente do maior estado brasileiro, que detém parte da maior floresta tropical do mundo. Sua capital, Manaus é uma cidade com grande potencial turístico, por suas riquezas históricas, culturais e ambientais e só para se ter um ideia, Manaus, nos dias atuais, está entre os seis municípios brasileiros que mais crescem economicamente, com participação acima de 0,5% no PIB do país, estando incluída como a oitava cidade brasileira mais populosa. Contudo, Manaus é uma cidade com grandes problemas sociais e que não dispõe sequer de sua Biblioteca Pública Estadual, pois foi fechada para reforma desde 2007.

Incomodados com o enorme descaso do poder público na entrega da obra, após cinco anos sem contar com esse espaço, seja do ponto de vista patrimonial, cultural e informacional, um pequeno grupo formando por Thiago Siqueira, Katty Anne Nunes, Evany Nascimento, Gutemberg Praia e José Bustamente e eu iniciamos o Movimento ABRE BIBLIOTECA, que desde abril de 2012, tem realizado uma séria de ações visando alertar a população e chamar a atenção do poder público, para as necessidades do uso da Biblioteca Pública do Amazonas e seus serviços.

A primeira providência tomada, foi à criação de uma marca para a campanha, seguida de uma petição pública que já chegou a mais de 3000 assinaturas em formato online e impresso. Por meio das redes sociais, o abaixo assinado atravessou fronteiras territoriais do país, recebendo apoio de vários estados e até de outros países.

O momento mais marcante da campanha aconteceu por meio de um ato simbólico. O abraço ao prédio da Biblioteca Pública do Amazonas, numa mobilização em que pedíamos que comparecessem pessoas vestidas de amarelo (a cor do movimento Abre Biblioteca). Essa ação atraiu considerável público e percorreu as ruas do centro histórico de Manaus, com faixa, cartazes e as palavras de ordem: abre, abre, abre a biblioteca.

Na seqüência, surgiu à ideia da criação de uma música, um hino para o Movimento, que auxiliou bastante no outro evento: O Biblioteca na Rua, que consistiu numa ação, em que disponibilizávamos aos transeuntes, mesas, cadeiras, livros, jornais e propiciamos a realização de atividades culturais e lançamento de livros na Rua Barroso, em frente à Biblioteca Pública fechada. Essa ação demonstrou o nosso desconforto por estarmos a tanto tempo privados de espaço e serviços.

Ao longo de todo o processo, realizamos inúmeras imagens de pessoas que vem apoiando o movimento e que posaram com o cartaz ou a camisa que trás a marca da campanha. Todas as pessoas disponibilizaram sua imagem para ser veiculada nas redes sociais em prol da causa.

A última ação aconteceu no dia 15 de outubro foi o Mural Abre Biblioteca, onde convidamos dois artistas grafiteiros para criarem uma arte voltada para o incentivo à leitura, no tapume que segrega a população do acesso ao espaço da Biblioteca.

Mas você deve estar se perguntando, e o poder público? Como se posicionou até o momento sobre o problema? Apenas se justificando que devido a fortes chuvas o telhado do edifício precisaria passar por nova cobertura e que as providências para a reabertura logo seriam tomadas. Felizmente, após o abraço, os trabalhos referentes ao telhado foram providenciados, inclusive em horários estendidos até a noite. Apesar disso, a última data prevista para a reabertura (dia 30 de outubro de 2012), também não foi cumprida.

Quanto a nós, do Movimento Abre Biblioteca, mesmo passado seis meses do inicio das atividades, ainda seguimos motivados e planejando novas abordagens e fortalecendo a luta que acreditamos ser absolutamente necessária para o desenvolvimento da cidade de Manaus.

Dessa experiência, temos aprendido a conviver mais estreitamente com as tecnologias de informação que ao possibilitarem velocidade e maior alcance na participação de pessoas (internautas), pode atuar como veículo de conscientização e produto de mobilização social.

Encerro por aqui agradecendo a todos que já contribuíram com essa causa e pedindo ainda àqueles que quiserem colaborar, que criem uma arte, copiem a marca do Movimento Abre Biblioteca e compartilhe com seus amigos. Assim, todo o Brasil saberá o que está acontecendo no Amazonas. E para quem ainda não assinou a petição ainda é possível fazê-lo, acessando:

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=abrebib.

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