Por Daniel Gullino de O Globo

Um espaço de encontro entre a França e o Brasil, com atividades culturais, gastronômicas e intelectuais. Esse é o objetivo da Maison, biblioteca do Consulado Geral da França, no Centro. O local reabre amanhã transformado em um complexo cultural, depois de uma reforma de um ano e meio.

A biblioteca, inaugurada em 1961, tem um história rica. Durante a ditadura militar, serviu como refúgio para quem queria ter acesso a livros censurados pelo regime. Lá, estudantes e intelectuais procuravam obras de filósofos franceses, como Michel Foucault e Gilles Deleuze, e referências aos protestos de Maio de 1968, iniciados em Paris.

— Era um espaço de liberdade. Para muitos intelectuais cariocas, esse lugar ficou conhecido pela possibilidade de conseguir livros que não foram traduzidos no Brasil — define o cônsul-geral da França no Rio de Janeiro, Brice Roquefeuil.

Com mais de 780 metros quadrados e vista para a Baía de Guanabara, a biblioteca conta com um acervo de mais de 20 mil títulos, incluindo livros físicos e digitais, revistas, jornais, CDs e DVDs. Cerca de 90% das obras estão em francês, mas também há material em português. Em abril, está prevista a inauguração de um café e um bar, na varanda. O prédio já conta com cinema e teatro.

—É um espaço multiuso. Vai ser um espaço de leitura, de trabalho, de estudo. Mas também um espaço de eventos — diz o cônsul.

Já estão programados para as próximas semanas seminários, palestras e até uma degustação de vinho. Todos os eventos serão em português ou contarão com tradução simultânea.

— Vamos convidar escritores franceses, historiadores, para organizar encontros com intelectuais brasileiros — acrescenta Brice.

TAÇAS PARA POPULARIZAR O CHAMPANHE

O desafio por trás da reforma foi, além de tornar o local mais convidativo, unir a biblioteca, o café e o bar. Para isso, foram demolidos o antigo hall de entrada e algumas paredes.

— O conceito do projeto foi a integração. Acabei com qualquer barreira. É possível circular livremente — define Julia Abreu que, junto com a arquiteta Ligia Tammela, desenvolveu o projeto.

Entre as novidades, estão um espaço infantil e um ambiente multimídia, onde será possível ouvir músicas e assistir a filmes. O local também tem salas de reuniões e vai abrigar uma agência de apoio a estudantes que queiram realizar intercâmbio na França.

E não podia faltar na Maison (“casa”, em francês) um dos maiores símbolos da França: sua culinária. Brice destaca que o bar, além de contar com um chef francês, vai proporcionar um prazer pouco comum no Brasil: a compra de taças de champanhe, e não apenas garrafas.

— Em Paris, em cada bistrô você pode tomar uma taça de champanhe, como uma cerveja. Aqui, o champanhe é muito elitizado. A ideia é democratizar o produto — diz o cônsul.

A consulta aos livros é aberta ao público. Quem quiser levar uma obra para casa precisa se cadastrar. A Maison fica no 11º andar do Consulado da França, na Av. Antônio Carlos 58.

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