Em meio aos stands monumentais e filas gigantes para o tão sonhado autógrafo de autores já consagrados, o público juvenil encontra também autores iniciantes trazendo não só suas obras recém-lançadas como também novos ares para a literatura juvenil brasileira.

Dando uma garimpada atrás dessas novidades, encontramos dois autores com suas obras ainda com tinta fresca que valem muito a pena conferir.

“Sabado à noite” de Babi Dewet

O livro traz um clima de mistério, romance de escola e, claro, muita música. Sim, a leitura de “Sábado à noite” traz várias referências musicais, quase como uma trilha sonora. A história é centrada em Amanda, uma garota popular que tenta resolver sua complicada vida amorosa enquanto frequenta os bailes da escola embalados pelo som da banda Scott, uma banda de mascarados!

Babi Dewet, que começou sua carreira de escritora publicando online histórias para fãs de Harry Potter e depois para fãs de bandas como Mcfly, foi atrás de seu sonho e publicou de maneira independente seu primeiro livro, contando com o incentivo dos leitores de suas histórias na internet e a ajuda dos amigos.

O livro publicado há cerca de um ano tem encantado muitos adolescentes pelo país. “Escrever para jovens para mim foi muito fácil. Adoro livro jovem, adoro livro sobre high-school. […] Sou muito fã disso. Então escrever sobre isso foi muito natural.” conta Babi. Para encontrar a obra basta ir até o stand da editora Above.

“O poder do fogo” de Khêder Henrique

O livro conta, em meio a um universo de magia mergulhado nos elementos da natureza, o drama pessoal de Kiara Ancessus, uma jovem que sonha em ser uma elementar. Para enfrentar seus dilemas e dificuldades, Kiara terá a ajuda de uma mestra sábia e misteriosa.

Tão bom quanto descobrir o livro só mesmo conversar com o autor sobre sua obra. Khêder nos contou sobre a produção do livro e como ele trabalhou suas ideias anotando-as em um caderno até tomar a decisão de publicar a história. Khêder nos falou também sobre a importância do papel da editora na obra de um autor, tanto pelas sugestões na parte de conteúdo, de sua adequação ao público-alvo, como na parte de divulgação e vendas. Durante a leitura de seu livro, poderemos encontrar influências de diversas obras que contribuíram para sua formação como leitor e escritor, como os livros de Andre Vianco, filmes de Quentim Tarantino, mangás de Samurai X e animes como Neo Genesis Evangelion.

Como ele mesmo nos disse “Tem outros eventos que você pode divulgar, mas a Bienal é mágica, é o momento de quem gosta de ler, é momento do livro no Brasil.” Aproveite a Bienal para dar uma conferida em “O poder do fogo” lá no stand da Novo Século!

Confira as entrevistas na íntegra!

 

Babi Dewet

http://san.babidewet.com/

@san_livro

Emilia Sandrinelli: 3 de setembro de 2011, eu to aqui na Bienal do Rio com a Babi Dewet, autora de “Sábado a noite”. Babi, conta para agente como foi publicar o seu primeiro livro.

Babi Dewet: Bom, eu publiquei de forma independente. Eu não quis esperar por editora na verdade, eu tava ansiosa e querendo lançar por mim mesmo. Eu tive a idéia, como o meu livro vem da história que já era fanfic na internet, os próprios leitores já falavam “Poxa! Essa fanfic daria um ótimo livro!”. Daí veio esse universo de muito inspiração e eu disse “Vai ser agora!”. Eu queria lançar para a bienal de São Paulo e entrei em contato com um monte de gráficas, fiz contato também com os meus amigos que revisaram, fizeram capa, todo mundo ajudou um pouquinho e eu consegui lançar independente, sem procurar editora nenhuma.

ES: E como é escrever para jovem? Como foi escolher o tema que você escolheu que atinge principalmente ao publico jovem e a receptividade da sua história?

BD: Olha, escrever para jovens para mim foi muito fácil. Adoro livro jovem, adoro livro sobre high-school, essa coisa da garota malvada, do garoto bonitinho no colégio. Eu adoro! Sou muito fã disso. Então escrever sobre isso foi muito natural. Eu sempre tive muito contato com os adolescentes, até porque minha mãe sempre teve colégio que tem um curso supletivo então eu tenho muito contato com os jovens de lá. E lá também a gente vê essa coisa de fofoquinhas e um que gosta do outro que gosta do outro, então esse tipo de coisa me trouxe para esse tipo de leitura mais jovem. Inclusive eu comecei escrevendo fanfic de Harry Potter depois comecei a escrever também de bandas jovens. E o pessoal tem aceitado muito bem, eu tenho recebido pouquíssimas críticas negativas, o que é ótimo, eu não esperava!

ES: E falando dessa questão de você ter publicado independente, como você faz para divulgação, para vendo… para esse lado mais comercial?

BD: Desde que eu tenho pensado em lançar meu livro, eu criei um blog na internet, um site onde eu postava resenhas dos livros que eu lia e eu faço isso até hoje. E eu comecei a pensa “Bem, se eu vou divulgar os livros dos outros, eu também vou poder divulgar o meu e eu posso chamar as pessoas que lêem os outros livros para conhecerem o meu”. Então esses 6, 7 meses que eu fiquei produzindo o livro, eu escrevi o blog consegui divulgar e  o pessoal que já visitava passou também a conhecer etc. Mas acho que pelo fato de eu ter tido fanfic de Mcfly por tanto tempo e fanfic de outras bandas, eu aprendi a ter esse contato na internet muito fácil, então a divulgação pela internet para mim foi muito natural. Eu gosto muito de falar pela internet e tem sempre um truquezinhos para divulgar pela internet, então eu acabo me divulgando sozinha e tem dado certo. Eu fiz mil livros na gráfica, mas já vendi 700 brincando em um ano e pouco de livro.

ES: No seu livro a gente repara que tem muitas referências tanto musicais quanto literárias. Eu queria que você falasse um pouquinho disso. De que fontes você bebeu?

BD: Bom, eu adoro cultura pop, eu adoro essas coisas mais pop. E eu inclui várias coisas que eu gostava no livro porque os meus amigos todos tem essa coisa de referências, tem muita piada interna com livros, filmes, coisas nerds, então foi muito fácil incluir.

ES: E quais autores te inspiraram, não só para os elementos que você acrescentou no livro, mas também para como você escreveu, como você produziu a história?

BD: A JK Rowling foi a principal, eu gosto muito do jeito dela. O jeito que ela escreve é fácil, não tem muito aquelas descrições pesadas que é o que os jovens gostam mais de ler, então ela me inspirou para caramba. E alguns outros autores. O próprio André Vianco que é meu autor predileto brasileiro. As músicas do Mcfly, por exemplo, tem pedaços das musicas do Mcfly que me inspiraram para cenas do livro. Muitas musicas me inspiraram e filmes também, o nome da banda do livro é Scott, que  vem de “Scott doesn’t know” que é a musiquinha que ele s cantam em Eurotrip. Então eu sempre tento brincar com essas coisas que eu gosto.

ES: Então para terminar, o que você tá achando da Bienal? O que tem te chamado mais atenção?

BD: Bem, a bienal tá só começando, então eu ainda to buscando as coisas, eu to cobrindo a bienal para o meu blog. Eu to participando bastante das sessões de autógrafos,bate-papo com os autores internacionais, eu to adorando que essa é a bienal que está tendo mais autores internacionais, tem a Anne Rice, Lauren Kate. Até agora o que eu to mais gostando é isso. E tá bem diferente, tanto da de São Paulo quanto da última do Rio também, mas tá bem vazia. E tá sendo agora no meio do feriado também, então eu acho que muita gente viajou.

 

Khêder Henrique

www.khederhenrique.com.br

@khederhenrique

Emillia Sandrinelli: 3 de setembro de 2011, eu to aqui na XV Bienal do Rio com o Khêder Henrique. Khêder você disse que esse é seu primeiro livro, “O poder do Fogo” eu queria saber um pouco como é que foi lançar o livro, tanto do inicio do processo criativo como o processo de publicação dele.

Khêder Henrique: Eu sou formado em jornalismo, eu sempre gostei de escrever, desde criança. Cada autor tem um processo criativo diferente, o meu funciona da seguinte maneira: idéias você tem em qualquer lugar, pode ser em qualquer momento. Eu to aqui com vocês e posso ter uma idéia, no metro, no avião de São Paulo para cá…. O que que eu faço? Eu tenho um caderno de idéias, cada idéias que eu tenho, eu anoto. O que eu fiz no “O Poder do fogo”, eu peguei um tempo e disse vou escrever um texto. Eu tinha a idéia da história, peguei umas idéias desse caderno de idéias e juntei num projeto. Eu tinha idéia de como ele começava e como ele terminava. Aí eu comecei a produzir ele. Eu levei cinco meses parar produzi-lo, para trabalhar no desenvolvimento da história, porque as vezes você tem uma idéia, coloca em um papel e ela no papel não é grande coisa. Você tem que formulá-la… às vezes você encontra alternativas melhores. Você vai produzindo o livro. Ao término dos cinco meses, eu tinha um projeto na mão… sempre dá pra melhorar, não é que ficou perfeito, se eu pegá-lo agora e começar a ler eu sempre vou encontrar formas de melhorá-lo. Mas eu determinei um momento de pôr um ponto final, e quando esse momento chegou eu achei que eu tinha um trabalho legal em mãos. Aí eu fui à editora para publicação, que teve interesse, fechou o contrato e ele ganhou forma agora.

ES: Alguns autores iniciantes preferem começar uma publicação de iniciativa própria pelo fato de a editora interferir bastante no conteúdo do livro. Como foi isso para você, houve muita interferência?

KH: Apesar de eu ser formado em jornalismo e gostar de escrever como é a idéia do que eu quero, eu tenho que estar aberto às sugestões da editora porque ela tem o conhecimento comercial. Eu tenho a idéia do que eu quero escrever, mas eles têm o conhecimento para fazer o livro vender, então eu tenho que ficar aberto a sugestões No meu caso, a editora não interferiu em nada da minha história, tanto é que eu assinei um termo de que tudo é responsabilidade minha, se um dia eu tiver problemas de alguém denunciar um plágio no livro, eu que tenho que arcar com advogado e tudo, a editora entra  com o suporte de produção e divulgação. Mas eles me deram sugestões. O título do meu livro, por exemplo, era outro, eles pediram para eu mudar o titulo. Ai eu busquei sugestões e dei uma que eles compraram que é “O poder do Fogo”. Originalmente o título ficaria “A aprendiza de elementar”, que é o que a protagonista é. Só que o que acontece? Esse título ele não á muito comercial. Aprendiza é uma palavra que está certa no português, mas ele não é muito popular. È que nem “Presidenta Dilma” é uma expressão que está certa, mas a gente não tá acostumado a usar. E “elementar” você só vai entender se ler o meu livro, ai eles pediram sugestões de outro nome, Ai eu pensei e usei uma sugestão que foi até do meu pai. Deu muito mais impacto e eu percebi isso logo falando paras as pessoas, eu falava “Aprendiza de elementar” e as pessoas diziam “O que!?” ai quando eu falava “O poder do Fogo” já ficava todo mundo “Nossa! O que é isso? Sobre o que se trata?”, despertava o interesse do leitor. Quer dizer, se eu não tivesse escutado a editora, talvez eu não tivesse esse tipo de retorno eu to tendo agora, então eu acho que você deve ficar abeto a sugestões. Só para terminar a sua pergunta, uma vez eu fui numa palestra que o editor de uma editora tava explicando porque que ele recusava originais: porque alguns autores não estavam aberto para idéias. Por exemplo, tem muita gente que escreve, muitos autores que eles não têm uma formação em letras ou jornalismo, não que você precise ter uma formação especifica para escrever, talvez o cara seja formado em processamento de dados, mas escreve super bem, só que as vezes ele não tem o bom-senso de direcionar o texto dele para o público alvo que ele quer atingir. Por exemplo, o meu livro ele é direcionado para o público infanto-juvenil, então eu não posso colocar uma cena de sexo explicito no meio.

ES: Bom, os autores, principalmente os de ficção vão beber em outras fontes na mitologia, no folclore ou até na obra de autores mais consagrados como Tokien ou Anne Rice. Entção, eu queria saber qual foi a sua inspiração?

KH: Olha, eu gosto muito de cinema, eu gosto de desenho animado, eu gosto de mangá e leio bastante. Eu acho que todo mundo que Le bastante acaba tendo idéias próprias, as vezes começa a escrever um blog, as vezes escreve contos, ou as vezes tem a loucura de lançar umj livro. Eu acho que é daí. As minhas inspirações são diversas, se eu falar de cinema tem vários diretores que me chamam atenção, se eu falar de mangá tem vários ilustradores que me chamam atenção, eu acho que tudo são elementos que te dão embasamento para ter idéias, até relacionamentos, as vezes você tem uma amigo marcante, saber aquele figura? Quando ele chega chama atenção de todo mundo, aquele acara engraçado, as vezes aquilo é uma ponte de idéias para você. Ou até mesmo um relacionamento amoroso que você tenha, algumas amizades e ambiente de trabalho é um celeiro de idéias. Mas assim, se eu tiver que citar autores, você mesmo citou a Anne Rice que eu gosto muito, o André Vianco dos autores brasileiros, eu gosto bastante, Monteiro Lobato. De diretores, eu poderia citar Quentin Tarantino, eu gosto para caramba do Martin Campbell, o diretor do último 007 novo, o Cassino Royale, eu acho que é um bom diretor. Tem… é que eu esqueci agora o nome do autor, mas o autor de um mangá chamado Neon Genesis Evangelion, é muito bom, ele tem uma carga dramática muito densa apesar de ser mangá infanto-juvenil, eu gosto também do autor do Kenshin, do Samurai X, é um mangá de Samurai e é bem desenhado, as histórias são boas e sempre se foca em personagens, eu gosto de autores que tentam focar nos personagens, nos dramas pessoais.

ES: E para terminar eu queria saber o que você tá achando da Bienal d Rio esse ano?

KH: É a primeira vez que eu venho numa Bienal do Rio, eu já fui várias vezes em São Paulo. E é minha primeira Bienal como escritor então eu to achando um máximo. Ano que vem eu vou a bienal do livro em São Paulo com certeza. Eu to achando muito legal. Meu livro foi lançado a quatro meses e esse eu acho que é o quarto ou quinto evento que eu participo para ajudar a promover o livro, mas a Bienal é com certeza o melhor de todos. A receptividade é muito grande, as pessoas vem atrás dos livros, das novidades. E acho que é o lugar certo se você quer vir divulgar sua borá. Eu tava até brincando no twitter, porque estavam me perguntando como estava a Bienal, eu falei “Nossa! Se tivesse uma Bienal toda semana, eu largava o meu trabalho facinho para viver só de literatura no Brasil”. Tem outros eventos que você pode divulgar, mas a Bienal é mágica, é o momento de quem gosta de ler, é momento do livro no Brasil. Pena que só tem uma vez por ano! Quer dizer no Rio de dois em dois e em São Paulo também a cada dois.

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