Se é contraditório a qualquer educador dar apoio ao governo Bolsonaro, aos bibliotecários se acrescenta a contraproducencia todas as vezes que um destes profissionais (muitas vezes de forma desavisada) insiste em defender as (des)medidas que vêm do lado de lá.

Contraproducente por que o que se espera dos bibliotecários e dos demais profissionais da informação é exatamente o contrário do que esse governo prega, ou seja, a defesa a liberdade de expressão, o apreço a educação como prática libertadora, bem como o respeito às diferenças.

É contraproducente quando um profissional das ciências humanas possa a dar apoio a um governo que despreza essa área. “Cunho humanista” e “dignidade da pessoa humana”, expressões presentes no juramento do bibliotecário, indicam a centralidade das pessoas no fazer destes profissionais.

Qualquer governo que se empenhe em censurar livros, autores e informações (como bem tem feito o governo Bolsonaro) não deve, em hipótese alguma, ser digna de apreço. Ao contrário: deve ser alvo de todo o empenho dos profissionais da informação para que suas ações não venham a cabo.

Os cortes na educação, anunciados recentemente, são a culminância de uma política que elege o conhecimento como seu inimigo maior. E se informação e conhecimento são insumos do trabalho do bibliotecário, qualquer ação contrárias a eles devem ser combatidos com veemência e vigor.

Nesse sentido, os bibliotecários precisam se juntar às massas e organizar a luta. É preciso sair às ruas e mostrar o vigor para lutar contra todos aqueles que desejam transformar a nação brasileira em uma sociedade de teleguiados. A greve geral da educação deste dia 15 de maio, bem como a greve geral do dia 14 de junho são momentos mais que oportunos para isso.

Os bibliotecários podem optar por se incorporar as atividades programadas para estas datas ou mesmo articular atividades específicas. É preciso sair dos muros das instituições e dialogar com a sociedade, desmistificar a profissão e mostrar sua utilidade para a democratização da informação e do conhecimento.

É fundamental também dialogar com os colegas que, de boa vontade, insistem em acreditar num governo que ataca o pensamento livre. Pensamento livro é uma das essências da profissão de bibliotecário e qualquer coisa que contrarie isso deve ser vigorosamente denunciado e combatido, mas combatido com ideias.

Neste 15 de maio, bem como em 14 de junho, espero poder encontrar muitos colegas pelo país afora, ocupando as ruas, entoando palavras de ordem, enfrentando o desmonte da educação.

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